As Festas de
Santa Augusta em Braço do Norte, S.C.
Por
Clara Uliano Della Giustina, em 20 de outubro de 2012.
O
dia de Santa Augusta é comemorado no dia 22 de agosto. Não sendo este dia
considerado “Santo” ou feriado a festa acontece sempre no final de semana mais
próximo do dia. A festa mantém a mesma tradição da Itália, com fogos de
artifício, as famosas broas com a mesma receita trazida da lá, galinha assada,
o churrasco temperado com laranja azeda, pão de ló sem fermento, somente com
ovos, açúcar e trigo. Há até alguns anos atrás se servia também quentão e a
consertada, mas alguns gostavam tanto que bebiam demais e perturbava quem
estava quieto. Hoje se bebe vinho e cerveja. E assim continuamos com muita fé
fazendo o que nossos pais e avós ensinaram.
Desde
sempre acontece as nove novenas em Honra a Santa Augusta, as mesmas acontecem
nos nove dias consecutivos que antecedem a festa.
Em
1990, Cecília Fernandes Oliveira, grande devota a Santa Augusta, percebendo que
não tinha imagem da Santa para comprar e nem para ser usada em possíveis
procissões enfrentou seu próprio desafio de fazer uma imagem da Santa. Fez, conseguiu. Fez com barro cru e maciça. Deixou secar e
pintou usando as mesmas cores da imagem feita por João Batista. Depois de
pronta, ao ser transportada para a capela, a mesma rachou. Seu trabalho foi em
vão, mas Cecília não desistiu. Começou outra, agora com barro de olaria, já bem
amassado. Deixou uma parte do corpo oca e depois de secar ao natural levava
para uma olaria para ser queimada ao forno, juntamente com tijolos. Agora deu
certo. Até a imagem ficar pronta, levava uns 3 meses, pois ia modelando tudo a
mão e aos poucos.
Cecília
fez em torno de umas 10 imagens da Santa Augusta atendendo pedidos de devotos
que gostariam de uma imagem em casa.
Depois
de ter a imagem, começou-se então a fazer procissão com a mesma no primeiro dia
da novena. A cada ano sai da casa de algum devoto que alcança graças e pede
para fazer a procissão em forma de agradecimento.
As
imagens que se encontram na Capela desde que a mesma foi feita, são cuidadas
como relíquia, nunca foram restauradas, encontram-se originalmente mantidas. O
cuidado em manter a capela limpa, toalhas do altar engomadas, com muitas
flores, também vem passando por gerações, primeiramente por Maria Casa Grande,
depois pela sua nora Angelina, e depois por Clara Uliano, filha de Angelina.
Antigamente
se tinha também a tradição de soltar canhões, balões. Os balões começaram pela
senhora conhecida como Maria Baloeira, ela fazia o balão, acoplava um cesto,
embarcava dentro e subia junto. Depois
Pedro Uliano, filho de Benjamin e neto de João Batista deu continuidade nos
balões, mas sem cesto, os mesmos subiam e desapareciam no céu. Com o
falecimento de Pedro Uliano, o povo sentiu falta dos tradicionais balões, pois
muitas pessoas vinham de longe e só voltavam para casa depois de ver eles
subirem. Maria Valdete D. G, sobrinha de Pedro Uliano e muito apegada a ele,
sentia muito pesar em não ter mais o tio que tanto gostava e nem ver os balões
subirem. Em uma noite, meses antes da festa, antes de dormir pediu em oração ao
tio que lhe iluminasse a fazer os balões, pois gostaria de dar continuidade. E
de fato aconteceu, ela que nunca viu como se fazia, tentou, fez e os balões
subiam. Isto foi uns quatro anos, depois proibiu-se no Brasil inteiro, que
devido a grandes períodos de seca que poderia ser um causador de queimadas.
Nas
antigas festas as galinhas eram assadas nas casas, em forno a lenha, geralmente
os assadores das galinhas era o André e Joana Coan, Francisco e Carmelita Lessa
e Maria Prá Coan. Hoje a capela já possui uma assadeira para as galinhas. As
broas e os pães de ló eram feitas num pequeno salão da capela, tinha um forno a
lenha. Começavam a fazer as broas uma semana antes para dar conta da demanda.
Faziam também rosca. Hoje são feitas no forno de padarias da cidade, mas por
membros da comunidade. Em uma tarde ficam todas prontas. São necessário umas 20
pessoas ( mulheres e homens da comunidade) para dar conta de mais ou menos nove
mil broas, sendo responsáveis Clara Uliano D. G. e Maria Uliano Della Giustina.
A
até uns 30 anos atrás, as festas de Santa Augusta aconteciam ao ar livre, pois
não tinha lugar coberto para abrigar todas as pessoas. Os churrascos eram
assados em espetos de bambu, feitos em mutirão pelos membros da comunidade e
sobre a responsabilidade de Antonio Coan. As pessoas compravam os churrascos e
iam comer no pasto. Era um verdadeiro piquenique. O churrasco espetado no chão,
bebidas, pães e ali passavam grande
parte do dia, conversando com os amigos, a criançada correndo e se escorregando
na grama.
Hoje,
em 2012, a Capela já consegue abrigar todos os devotos que vêm na festa.
Na
década de 1970, com esforço da comunidade e rendas da festa, foi construído um
salão para as festas e também uma churrasqueira grande. O tempo foi passando e
o ambiente já foi ficando pequeno. Novas instalações já foram feitas. Temos
hoje dois salões prontos com cozinha montada, e mais um em andamento, pois já
se faz almoço para servir no dia da festa. Um dos salões é reservado para a
celebração da missa que acontece sempre uma vez por mês.
Todas
estas melhorias que estão acontecendo são graças a comunidade do Bairro Santa
Augusta e a igreja, que caminham juntos.
Muitas
pessoas procuram a capela para realizarem a cerimônia de casamento e ou
batizado, por ser um ambiente aconchegante e histórico.
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