sábado, 20 de outubro de 2012

A vida de João Batista Uliano, construtor da capela.


A vida de João Batista Uliano, construtor da capela de Santa Augusta em Braço do Norte, S.C.

                                        Por Clara Uliano Della Giustina, em 20 de outubro de 2012.

João Batista Uliano nasceu na Itália no dia 16 de maio de 1846. Foi um dos primeiros imigrantes italianos que chegou nesta região em 1872. Na Itália tinha se casado com Maria Casa Grande nascida em 18 de outubro de 1849. Era chamada de Maria Casa Grande, por morava em uma casa grande construída pelo governo, após a guerra, para abrigar crianças órfãs. que abrigava pessoas.  Como a situação financeira lá não estava boa, João resolveu aproveitar uma passagem gratuita que o governo oferecia para quem quisesse tentar a vida no Brasil. Eles tinham três filhos: Jacó, Antônio e José, Maria estava grávida do 4º filho, por este motivo João veio sozinho, para depois voltar buscar a família.

Chegando a Laguna, viaje feito de navio, João logo arrumou serviço de pedreiro e construiu o hospital de Laguna, todo de pedra, existente até hoje, que passou por reforma e foi aumentado. Depois também fez a igreja em Urussanga. Conseguindo algum dinheiro veio para os lados de Braço do Norte a procura de um terreno para comprar e fazer uma casa para poder ir buscar a família que ficou na Itália. Comprou o terreno onde hoje se denomina bairro Santa Augusta.

Levantou quatro paredes e ali estava sua casa tão sonhada para poder abrigar a família que tanto sentia falta. Então voltou a Itália buscá-los e também conhecer seus filhos gêmeos, os quais ela estava esperando quando ele veio para o Brasil. Viajaram 33 dias de navio. Um dos gêmeos adoeceu na viagem e sem recursos no navio, veio a falecer. O mesmo foi envolto em um lençol e jogado ao mar com grande tristeza, mas esta era a ordem. Isto ocorreu em 1875.

Com a família já instalada continuou sua vida sem medir esforços e trabalho para conseguir uma casa melhor. Logo depois começou construir uma nova casa, agora bem maior, com dois pisos, tudo bem grande. E a família também foi aumentando. Tiveram doze filhos: Jacó, Antonio, José, João Batista Filho, Joanes Domenico (que faleceu na viagem), Luiz, Augusto, Carlos, Rafael, Constante, Benjamin e a única filha mulher Catarina. Destes doze filhos obtiveram 97 netos. Quando o filho Luiz estava com seis anos, veio para o Brasil um tio que não tinha filhos e levou Luiz como filho que mais tarde morreu na guerra deixando esposa e duas filhas: Antonia e Marieta.

João Batista trabalhava muito em construções como pedreiro quando começou com uma forte dor de dente, com os remédios caseiros não conseguia aliviar a dor, dentista não havia na época. O mesmo apegou-se então em sua protetora Santa Augusta, a qual possuía grande devoção desde quando morava na Itália, ele tinha muita fé, pois a mesma era conhecida como a protetora dos dentes e da cabeça.

O mesmo fez uma promessa de construir uma gruta ao lado de sua casa, com a imagem de Santa Augusta, caso fosse curado da dor. Em poucos dias a sua dor de dente sumiu. Ele começou fazer as escavações para construir a gruta quando seus vizinhos vieram saber o que ele iria fazer ali. Com a revelação, seus vizinhos (famílias Coan, Prá e Della Giustina) propuseram unia-se a ele e construir um templo maior, uma capela onde pudessem juntar-se para rezar o terço. Então veio a questão, e o terreno? Então decidiram ir falar com a família dos Guizoni para ver se vendiam um morro muito bonito que tinha nas suas terras e assim ficava parecido com o Santuário da Santa Augusta da Itália, que também ficava no topo de uma colina. Foram e conseguiram negociar. Os Guizoni cediam o morro, mas em troca queriam que eles dessem uma estrada aberta na estrema de suas terras com a dos Schilickman. E assim aconteceu, abriram a estrada com pás, picaretas e enxadas. Em seguida derrubaram o mato e plantaram feijão para vender e arrecadar dinheiro para a construção da capela. Colheram o feijão e deram inicio a obra. Os tijolos foram feitos com barro amassado por cavalos. Em poucos meses a capela ficou pronta. E agora as imagens para colocar no altar? Dinheiro ninguém tinha, mas João Batista não desanimou. Ele disse que era preciso encontrar um bom barro, que iria colocar pelos de animais misturado com o barro para evitar rachaduras e iria tentar fazer as imagens. E assim fez. São as mesmas imagens que se encontram no altar da capela. No centro temos a imagem de Santa Augusta e ladeada por São Pedro e São Paulo. Hoje (outubro de 2012) são 124 anos de existência e estão perfeitas.

Logo depois chegou o sino vindo da Itália. Não tinha torre na capela então o mesmo era pendurado em um suporte de madeira. O mesmo era Bento para espalhar tormentas. Esta tradição acontece até hoje. Sempre que se forma uma trovoada, devotos sobem a colina, batem o sino e logo após, a trovoada se espalha. Quando se demora a alguém ir bater o sino, os vizinhos já ficam preocupados, será que não bater o sino para a trovoada se espalhar? E quando se ouve o ressoar do sino todos se tranquilizam.

Agora estavam satisfeitos, pois tinham um local para fazerem suas orações já que no centro da cidade não eram bem recebidos por causa da linguagem, eles rezavam em latim e os brasileiros não gostavam. Então faziam as rezas em horários diferentes.

Passados alguns anos João Batista Uliano escreveu para o padre do Santuário de Santa Augusta de Vitório Veneto (na Itália), informando da construção da capela aqui no Brasil e que gostaria também de ter uma relíquia da Santa. No mês seguinte, precisamente em 05 de agosto de 1898 recebeu o relicário, uma falange do dedo polegar de Santa Augusta juntamente com o certificado de legitimidade assinado pelo Bispo Don Segismundo Cescon da diocese de Vitório Veneto atestando a veracidade da Relíquia.

Em 1939 foi construída a torre da capela. João Batista já havia falecido. Faleceu em 1902. O filho Benjamin e os outros Della Giustina e Coan então realizaram mais este sonho de João Batista.

E a devoção a Santa Augusta só foi crescendo.  Os descendentes e as novas gerações seguiam os passos dos imigrantes preservando a tradição e a fé.

Em viagem à Itália, Padre Joacir Della Giustina visitou o Santuário de Santa Augusta e convidou o vigário de lá Padre Pietro Paolo Carrer para conhecer a capela aqui em Braço do Norte, ele aceitou o convite e em 1991 veio para o Brasil visitar a mesma. Ele se encantou com a beleza do local e com a devoção que temos pela Santa Augusta e disse que não devemos dizer capela e sim Santuário, pois contém uma parte do corpo de Santa Augusta.

7 comentários:

  1. Ele é meu tataravó João Batista Uliano, meu bisavó foi Augusto uliano e meu avo foi walmor uliano

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    1. Ele é meu trisavo,meu bisavô é João Batista uliano filho de Rafael uliano

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  2. Oi Rodrigo que legal nos encontrarmos por aqui também. Ele é meu tataratataravô. Meu bisavô foi Roque Uliano.

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  3. Olá Pessoal.
    Pesquisei o parentesco da família para fins de cidadania italiana.
    acredito que o Roque e irmão de meu bisavô Jacó, filho de Antonio, o 2º Filho de João Batista Uliano(nosso Trisavô).

    Estou criando a árvore da família no site do family search.
    o cadastro é gratuito e será muito bom bom ver todos lá.
    Estou procurando os livros do padre João Leonir Dallalba, e mais histórias da família.
    Quem tiver pode mandar para meu mail elmar.uliano@gmail.com
    Grato.
    Abraço a todos

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    1. Eu sou bisneta de João Batista uliano filho de Rafael uliano e neto de João Batista uliano, estou na italia fazendo a cidadania

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    2. Olá! boa tarde Amanda, meu nome é Regina Uliano e também sou bisneta de João Batista Uliano, atualmente moro na Espanha, você conseguiu tirar sua cidadania? conseguiu resolver a questão do nome do "João Batista" que na verdade é "Giovanni Battista Uliana".

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    3. Oii,tirei a cidadania faz uns meses já consegui o passaporte tranquilo ,hoje tô morando na Alemanha, pode me chamar no insta @Amandaviana38

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